De 21 a 25 de outubro de 2024, o Conselho Federal de Nutrição (CFN) participou da 52ª Sessão Plenária do Comitê de Segurança Alimentar Mundial (CSA), um importante fórum da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), realizada na sede da organização, em Roma, Itália. Representado pelos conselheiros Alexsandro Wosniaski e Lewestter Melchior de Lima, o CFN contribuiu ativamente para discussões sobre segurança alimentar, sustentabilidade e governança global dos sistemas alimentares, ao lado da delegação governamental brasileira e de instituições internacionais, como os Ministérios do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS), da Saúde (MS), da Educação (MEC), o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e o Conselho Nacional de Segurança Alimentar (CONSEA).
A participação do CFN no CSA teve como objetivos fortalecer sua presença em fóruns internacionais, promover a troca de conhecimentos sobre políticas de nutrição e articular um possível evento paralelo para a próxima edição do Comitê, destacando o papel do nutricionista e a missão do CFN.
Alexsandro Wosniaski reforçou a importância das parcerias internacionais: “Ao dialogarmos com representantes de outras nações e instituições, conseguimos estabelecer uma agenda mais ampla e consistente, essencial para fortalecer a posição do Brasil como referência global na promoção do Direito Humano à Alimentação Adequada.”
“Essa é uma oportunidade única para o CFN promover uma troca de experiências e conhecimentos, captando ações que poderão ser adaptadas e aplicadas no Brasil, especialmente em contextos da segurança alimentar e nutricional e construção de políticas públicas mais justas e sustentáveis, como atuação exitosa dos nutricionistas e técnicos em nutrição e dietética no Brasil.”, destacou Lewestter.
Sistemas alimentares e governança global
A 52ª Sessão Plenária tratou de temas como sustentabilidade em sistemas alimentares, inovação em políticas de combate à fome e as ações de governança global, com destaque para o papel do Brasil. A aprovação de um documento sobre desigualdades nos sistemas alimentares, liderada pelo Brasil, representou um avanço ao reconhecer que as desigualdades de acesso aos alimentos e recursos são obstáculos ao desenvolvimento sustentável e à realização do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA).
Este documento enfatiza a concentração de poder nas cadeias de produção e a marginalização de grupos vulneráveis, como mulheres, pequenos agricultores e comunidades tradicionais, agravando desigualdades. Para Wosniaski, “A inclusão das pautas de equidade e justiça social nos sistemas alimentares é um passo essencial para transformar as realidades de milhões de pessoas ao redor do mundo.”
As decisões do Comitê de Segurança Alimentar da FAO têm impactos significativos na segurança alimentar e nutricional global, refletindo-se na saúde pública e no combate à fome. A integração de práticas sustentáveis e resilientes de produção agrícola é essencial para mitigar os impactos das mudanças climáticas e garantir estabilidade alimentar.
Gênero e diversidade
A pauta de gênero e diversidade, incluindo a população LGBTQIA+, foi uma das questões apresentadas pelo CFN durante o encontro do CSA. Em diversas regiões do mundo, esses grupos ainda enfrentam barreiras de acesso a direitos básicos, como saúde e segurança alimentar. O CFN destacou que, no Brasil, tem-se buscado incorporar políticas de inclusão, mesmo em meio a desafios culturais e institucionais. Ao promover a equidade de gênero e o reconhecimento das necessidades da população LGBTQIA+, o país dá passos fundamentais para reduzir desigualdades estruturais e avançar na justiça social.
O Comitê de Segurança Alimentar Mundial (CSA)
Criado na década de 1970 e reformado em 2009 em resposta à crise mundial de alimentos, o CSA é reconhecido por coordenar uma visão global de segurança alimentar e nutricional, promovendo a convergência de ações em níveis nacional, regional e global. Com um modelo inclusivo e participativo, inspirado em parte pela atuação do Brasil e do CONSEA, o CSA apoia países e regiões no desenvolvimento de estratégias inclusivas e na troca de boas práticas, buscando fortalecer o direito à alimentação para todos.