Nesta quarta-feira (2/8), o V Congresso Nacional do Sistema CFN/CRN iniciou com a Mesa Redonda sobre “Como promover a valorização do Nutricionista nos Programas e Políticas Públicas?”. A mediação foi do conselheiro federal Alexsandro Wosniaki, diretor tesoureiro do CFN.
Na primeira fala, o auditor fiscal Marcelo Naegele, da Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, ressaltou o cenário atual do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). Com cerca de 5 milhões de trabalhadores participantes e um orçamento de R$ 190 bilhões/ano, o PAT está em constante alteração e, conforme o palestrante, é preciso retomar o que realmente interessa que é o aspecto nutricional e portanto o papel do nutricionista é fundamental. “A parceria entre Ministério e Sistema dos Conselhos é possível e minha mensagem para vocês é que o Programa está sendo valorizado dentro do Ministério”, concluiu ele.
A nutricionista Michele Lessa de Oliveira abordou os desafios do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) na conjuntura atual e a expansão da atuação do nutricionista. Especialista na área e servidora do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) desde 2008, Michele destacou a importância do nutricionista em várias áreas dentro do Programa, desde a criação e aplicação da legislação, passando pela formulação dos parâmetros da alimentação, da execução no dia a dia, até na elaboração de materiais de apoio à categoria, como planejamento de cardápio, compras na Agricultura Familiar e da atuação do profissional nas unidades escolares. “É bom poder contar atualmente com o Sistema CFN/CRN como parceiro na gestão de políticas públicas, numa relação de diálogo que avança em prol da categoria”, relatou ela.
Outra fala desta Mesa Redonda foi da nutricionista Kelly Poliany de Sousa Alves, da Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde. Ao iniciar destacando as consequências da insegurança alimentar para a saúde e nutrição, ela mostrou o quadro complexo de atenção nutricional que inclui problemas como a obesidade, as doenças crônicas não transmissíveis, a desnutrição – com registro de redução, mas ainda prevalente em populações vulneráveis – e a carência de micronutrientes, persistente em crianças e mulheres. “O nutricionista no Sistema Único de Saúde (SUS) precisa mobilizar saberes e práticas dos diferentes campos de conhecimento, portanto o próprio profissional deve se enxergar como parte do processo da política nacional e que contribui com o todo, independente do lugar e do papel que está desempenhando”, disse Kelly, complementando que, para poder valorizar os 29 mil trabalhadores que estão hoje no SUS, é importante mapear as entregas concretas dos nutricionistas para os usuários em todos os âmbitos das Redes de Atenção à Saúde, incluindo Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), no Programa de Atendimento Domiciliar, nos hospitais gerais, entre outros.
O último tema desta Mesa Redonda foi sobre a atuação do nutricionista no Sistema Único de Assistência Social (SUAS), onde estão cerca de 2 mil profissionais. A diretora do Departamento de Promoção da Alimentação Adequada e Saudável da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan), Patrícia Gentil, fez uma participação virtual e falou sobre os desafios das políticas públicas de combate à fome que tem um olhar das vulnerabilidades. “Estamos construindo políticas mais equitativas, que conheçam a diversidade, assim como avaliam desde as mudanças climáticas e os efeitos na agricultura até a atenção à urbanização, com um contingente populacional que promove a fome nas grandes cidades”, disse ela, destacando a importância dos nutricionistas neste conjunto de obstáculos. A coordenadora-geral de Promoção da Alimentação Saudável, Gisele Bortolini , também fez uma fala virtual, lembrando do evento dos nutricionistas no SUAS que será realizado em Itajaí (SC) para aprimorar esta atuação. Por fim, Natalia Tenuta, coordenadora Nacional dos Equipamentos de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social, fez uma fala sobre a atuação do nutricionista nestes equipamentos públicos, incluindo atividades que possibilitem que os alimentos sejam preparados de forma segura e em condições adequadas.
Ao abrir a palavra ao público, o presidente do CFN, Élido Bonomo, destacou que há uma mobilização do Sistema CFN/CRN para dialogar com o governo, pois a categoria tem capacidade para atuar na organização e na execução das políticas públicas. “No governo de transição apresentamos sugestões e temos este compromisso para colaborar, além de capilarizar com as coordenações estaduais e com os regionais para ampliar nossa participação, tanto para colaborar, quanto para cobrar, e também subsidiar com nossas informações e experiências”, concluiu ele.